Theresa Fonseca defende a dissimulada Mariana 0 4024

Nos últimos meses, Theresa Fonseca tem usado boa parte de seu tempo para analisar e defender Mariana, personagem que vive em “Renascer”. A atriz de 26 anos sabe que encarna um papel difícil e controverso no remake assinado por Bruno Luperi. Na versão original, Mariana é alvo de disputa entre pai e filho e gerou uma enxurrada de críticas ao trabalho de Adriana Esteves. Mesmo compreendendo toda a responsabilidade que envolve o projeto, Theresa não se cansa de tentar explicar as dúbias ações da personagem. “Não é uma personagem cotidiana. É muito profunda e complexa. Temos de saber separar o que é atuação e o que é a personagem. Acredito muito na Mariana. Se ela está enganando todo mundo, está me enganando também. A gente não escolhe por quem se apaixona, mas escolhe nossos atos. A Mariana não sabe escolher bem os seus próprios atos. Não vamos ver uma mocinha tradicional”, defende.

Com um ar inocente e jeito faceiro, a jovem arrebata o coração de João Pedro, papel de Juan Paiva, mas parte para seduzir José Inocêncio, de Marcos Palmeira, que também acaba se encantando por ela, depois de sofrer muitos anos em luto pela morte de Maria Santa, vivida por Duda Santos. Neta de Belarmino, papel de Antônio Calloni, Mariana chega ao Sul da Bahia, com o ímpeto de querer vingar a morte do avô e recuperar as terras que ela acha que tem direito. “Ela perdeu tudo na vida e acha que vai renascer a partir de uma vingança. Mas ela renasce pelo amor”, filosofa.

“Renascer” é uma das tramas mais emblemáticas de Benedito Ruy Barbosa. Qual era o seu contato com a obra antes de ser confirmada no elenco do remake?
“Renascer” é a novela favorita da minha família. Eles são muito noveleiros. Quando eu falei que ia fazer a Mariana, eles acharam que era mentira. Pensaram que era piada de primeiro de abril. Eles dizem que eu tenho de arrasar e honrar essa obra. Meu tio gosta tanto que já viu umas seis vezes no Globoplay. Acho que essa versão vai ver umas sete ou oito vezes. É uma obra muito inesquecível e cheia de mistérios. Estou muito feliz de ter a chance de me juntar a esse projeto.

E como seu nome chegou até o elenco do folhetim?
A produtora de elenco da novela e minha agente que acertaram tudo. Eu, na verdade, estava gravando “Guerreiros do Sol” (novela do Globoplay). Nem sabia que seria possível fazer “Renascer” estando em “Guerreiros”. Minha agente não me falou que o teste seria para Mariana. Gravei um self-tape e enviei. Não perguntei muita coisa na época porque estava bastante enlouquecida com as gravações da outra novela. E deu supercerto. Mas foi uma logística entre “Guerreiros” e “Renascer”.

De que forma?
Até chegar a liberação de “Guerreiros” para estar em “Renascer”, eu chorava todos os dias. Foi quase um mês de expectativa. Quando eu passei pra fazer a Mariana, eu não sabia desse entendimento entre as obras. Uma questão de agenda mesmo, né? Normal. Mas eu queria muito fazer essa personagem. Não é uma personagem comum.

Mas a escalação para “Renascer” alterou algo na sua participação em “Guerreiros do Sol”?
Não, eu sigo em “Guerreiros do Sol” normalmente. Já finalizamos as gravações, mas a estreia será apenas em 2025. Fiquei feliz que consegui estar nas duas produções. Tive grandes parceiros que me ajudaram muito nisso. O Papinha (Rogério Gomes, diretor da novela do Globoplay) fez um esforço enorme para eu estar em “Renascer”. A trama de “Guerreiros do Sol” era bem complicada de gravar e demandava muito de todos. Gravamos no sertão. Então, tinha muitas viagens. Mas anjos apareceram na minha vida para abrir os caminhos e fazer tudo se encaixar.

Ao longo da história, a Mariana agrava ainda mais a relação entre José Inocêncio e João Pedro. Como você enxerga a posição da personagem na história?
Acho a Mariana muito complexa. Ela me desafia em lugares que ainda não tinha visitado. Ela chega em um jogo em que as relações já estavam certas e bem estabelecidas. Mas a chegada dela faz tudo sair do lugar. Ela vai jogar a favor do que ela quer, mas perde o controle desse jogo quando se apaixona por pai e filho. Ela se depara com um amor que não tinha conhecido. Ela é uma mulher carente e em busca de proteção. Eu entendo que o público possa ter certo receio da Mariana, mas eu defendo muito essa personagem.

Por quê?
Cada dia gosto mais da Mariana e me esforço para contar a história dela. Não tenho essa visão julgadora sobre ela. Uma vez me perguntaram se eu acho a Mariana meio Capitu (personagem da obra “Dom Casmurro”). E acho que sim. Do ponto de vista dos outros, ela pode parecer ser pior. Mas eu não acredito muito nisso. Inclusive, virei piada nos camarins porque entro em discussões intermináveis para defender a Mariana e mostrar que ela tem boas intenções. Se a Mariana está enganando todo mundo, ela está me enganando também. Acredito piamente nesse amor que ela sente por esse pai e esse filho.

Na primeira versão, a Adriana Esteves, que viveu Mariana, sofreu com duras críticas ao longo da novela. Você chegou a conversar com ela sobre o papel?
Falei com a Adriana. Ela foi muito gentil comigo. Mas a gente basicamente falou da minha rotina. Se eu estava bem, como estava a minha alimentação e se eu ia à psicóloga (risos). É uma personagem que exige bastante da gente. Mas acredito que o público irá separar o que é atuação e o que é a personagem.

Sua trajetória diante das câmeras ainda é recente, mas com projetos de destaque, como é o caso de “Mar do Sertão” e, agora, “Renascer”. Como você avalia a sua caminhada até então?
Estou muito feliz com tudo que vem acontecendo. Sou uma pessoa que faço tudo com muita paixão. Se eu não estiver apaixonada pela situação, não vai prestar ou funcionar. Desde que entrei para o teatro e me descobri atriz, não medi esforços para chegar onde estou. E quero explorar cada vez mais esse universo. Sempre quero algo novo. Sou muito movida por essa energia de renovação.

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