Andrea Beltrão retorna ao horário das seis como a batalhadora Zefa Leonel 0 1730

Andrea Beltrão está sempre em busca do inesperado. A televisão, no entanto, é conhecida por rotular e engavetar atores e atrizes em rótulos de sucesso já testados. Não à toa, ela tem o teatro para dar vasão aos seus mais variados questionamentos artísticos. A trama de “No Rancho Fundo”, porém, subverteu essa ordem ao escalar a veterana atriz para o papel da forte e corajosa Zefa Leonel. “Fiquei realmente surpreendida. Mas acho que essa é a grande graça da profissão. Eu estou sempre aberta ao novo, a ser surpreendida. Quero ter mais e mais curiosidade pelo novo. Isso é muito importante para se manter vivo, conhecer novas pessoas. A televisão pode gerar amizades improváveis. É o grande barato desse ofício”, explica.

Na trama assinada por Mário Teixeira, Zefa Leonel é inteligente, racional e fatalista. Sofreu muitas necessidades na vida, o que a transformou em uma mulher cautelosa e poupadora. É o cérebro da família e, se necessário, faz valer os seus argumentos com umas boas pancadas, em quem quer que seja. Ela será a principal responsável pela mudança no estilo de vida da família ao encontrar a raríssima pedra turmalina paraíba. “O que mais me encanta na novela é o texto do Mário e a forma como coloca a história. Zefa é uma mulher incrível e todos nós conhecemos Zefas por aí. É uma honra dar voz e corpo a uma personagem dessa envergadura. Estou muito feliz”, vibra.

Você tem uma presença bissexta em novelas e estava há 25 anos longe do horário das 18 horas. Como está sendo esse retorno à faixa?
Eu fiquei bastante surpresa quando recebi o convite do Alan (Fiterman, diretor) e do Mário Teixeira. Surpresa e feliz. É uma personagem totalmente diferente do que costumam me chamar. Mas, ao mesmo tempo, eu acho que já estava mergulhada nesse universo. Seria uma espécie de continuidade.

Por quê?
Quando o convite surgiu, eu estava fazendo outra pernambucana no teatro. Eu estava em cartaz com “Lady Tempestade”, um monólogo dirigido pela Yara de Novaes. Era sobre a advogada Mércia Albuquerque, que defendeu mais de 500 presos políticos na ditadura militar. Então, acho que já estava próxima desse universo de mulheres fortes e valentes. A Zefa e a Mércia têm essa similaridade. Gosto muito de ser chamada para viver essas mulheres interessantes. Não que eu seja interessante (risos). Mas acabam sempre caindo para mim. Dou uma sorte danada.

De que forma você enxerga essa força e valentia da Zefa Leonel dentro do enredo?
Ela é uma mulher que faz o que tem de ser feito. Ela é valente e corajosa, mas meio doida também (risos). Faz algumas coisas inesperadas. Bate em uns homens. São circunstâncias engraçadas. Mas ainda assim, ela tem um lado doce e maternal. É uma personagem muito rica para encarar porque ainda tem a relação com o Tico Leonel.

Como assim?
Ela é toda durona, mas muito apaixonada pelo Tico Leonel. Ela dá as ordens, mas sempre dá uma olhadinha para ele. É um casal quente. A Zefa é uma mulher bem moderna e mandona. Acho ela bem diferente de mim porque eu sou um doce de pessoa (risos). Mas há muitas Zefas pelo Brasil que eu moro, leio nos jornais e vejo em viagens.

Mergulhada em um universo tão novo e inédito, teve algo na construção da Zefa que chamou a sua atenção?
O que me chama atenção representando a Zefa Leonel é ser uma mulher simples, que trabalha, tem quatro a cinco jornadas, ajuda o marido, enfim, tem esse encanto de representar uma simplicidade na vida que é o que tem de mais sofisticado na dramaturgia.

Como tem sido encarar toda essa rotina de gravação novamente?
Sei que será um trabalho de muito aprendizado. Ainda não vi muita coisa porque estou só fazendo, né? Estou naquela rotina de decora, levanta, grava e volta pra casa. Acho que só vou começar a entender todo o trabalho mesmo com algumas semanas no ar e quando o retorno chegar. Como é uma obra aberta, posso mudar um caminho ou outro, melhorar algo. Acho ótimo começar um trabalho sem saber. Não quero ter certeza. Certeza é algo muito duvidoso.

Com mais de 40 anos de carreira, o que a mantém instigada em seguir no vídeo?
Falei de ser surpreendida e acho isso ótimo. A graça é essa, né? Ter essa curiosidade e estar sempre aberta. Isso é muito importante para conseguir estar vivo. Gosto de ver coisas novas, conhecer pessoas diferentes e fazer coisas diferentes. É uma qualidade muito grande desse ofício. A tevê tem características muito especificas e instigantes.

De que forma?
Na tevê, o elenco não é montado por você. Não é como no teatro que você pode, geralmente, escolher seus parceiros de cena. Na televisão, somos apresentados a um elenco variado. Então, você faz amizades improváveis. É um lado fantástico da tevê. Temos essa mistura de pessoas.

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