Casa em que Domingos Montagner viveu abrigará centro de cultura e educação 0 6651

Lançamento do projeto acontece no próximo dia 29, com campanha de crowdfunding para viabilizar a primeira etapa da iniciativa, que vai atuar em escolas da região

Ao longo da vida, seja como o ator, produtor, palhaço ou professor, Domingos Montagner sempre acreditou na educação e na arte como ferramentas de crescimento e de transformação. Pouco mais de três anos depois da morte precoce do artista, aos 54 anos, seu legado virou inspiração para o sonho de transformar a casa onde o ator nasceu, no TatuapéSão Paulo, em uma referência de cultura e educação para a Zona Leste da capital. A iniciativa é do Instituto DOM, associação sem fins lucrativos formada pela viúva do ator, a produtora executiva Luciana Lima; seu sócio na Cia LaMínima e grande parceiro, Fernando Sampaio; o irmão do ator e profissional da área contábil e tributária, Francisco Montagner; e o amigo e gestor cultural com larga experiência em educação pela arte, Gustavo Wanderley.

O grupo vai transformar a casa simples – localizada na rua Tijuco Preto, 263 – na sede da Casa Domingos Montagner – Cultura & Educação, espaço que abrigará cursos, vivências, espetáculos, exposições, e oportunidades educativas, através do Circo e do Teatro, para jovens de 13 a 24 anos em situação de vulnerabilidade social. O propósito não é formar artistas, mas facilitar a autonomia dos jovens na busca de conhecimento, na capacidade de trabalhar em grupo e cuidar do coletivo, entre muitas outras habilidades fundamentais para qualquer profissão e para a vida. A Casa também terá espaço para a formação de Artistas-Educadores, com o objetivo de ampliar o alcance de trabalho com os estudantes.

A pedra fundamental do projeto será lançada no dia 29 de setembro (domingo), com uma campanha de crowdfunding que permanecerá no ar por 60 dias, na plataforma de financiamento colaborativo Benfeitoria. A meta é alcançar um total de R$ 466 mil, valor que será usado para viabilizar em escolas da rede pública da região (até agora, são nove as selecionadas) a primeira etapa da iniciativa, o projeto Educação pela Arte, cujo propósito é criar oportunidades educativas a partir do conhecimento do ser humano e do mundo, da vivência, identificação e incorporação de valores, baseados nos quatro pilares principais do Relatório de Jacques Delors para a UNESCO: conhecer, conviver, ser e fazer. Os recursos também permitirão a realização de espetáculos de teatro, música e dança gratuitos, uma vez por mês, ao longo de um ano, na rua da Casa.

A segunda etapa contará com outras ações de financiamento e prevê a construção de um edifício com três pavimentos. O complexo abrigará uma sala de espetáculos multiuso (incluindo cinema); uma sala para expressões do corpo (teatro, acrobacia, comicidade física/pantomina e palhaçaria); um laboratório de desenho em cena (cenografia, figurino e impressão 3D de maquetes para a cenários); uma sala de convivência, além de educativo, coordenação, administração, sanitários e camarins. No espaço para exposições haverá uma mostra permanente sobre a trajetória do artista.  “Domingos sempre falou com muito carinho do bairro onde nasceu, cresceu e onde se formou professor, se orgulhava de sua origem do Tatuapé. A casa foi doada pelos herdeiros da família Montagner ao Instituto para contribuir com o desenvolvimento de crianças e jovens. Nosso desejo é que se torne um centro para potencializar o convívio entre pessoas de todas as idades”, declara Luciana Lima.

Sobre Domingos Montagner

Domingos Montagner foi ator, palhaço e artista circense. Iniciou sua carreira no teatro, através do curso de interpretação de Myriam Muniz, e no Circo Escola Picadeiro conheceu as técnicas e o vocabulário que o conduziram para o circo e a arte popular.

Com Fernando Sampaio, formou em 1997 o Grupo LaMínima, que possui 12 espetáculos em repertório. A Noite dos Palhaços Mudos, de 2008, lhe rendeu o Prêmio Shell de Melhor Ator.

Em 2003, com mais oito artistas, criou o Circo Zanni, do qual foi diretor artístico.

Sua estreia na TV aconteceu com o seriado “Mothern”, no canal GNT. Na Rede Globo, fez participações nas séries “Força-Tarefa”, “A Cura” e “Divã”.

Em 2011, atuou em sua primeira novela, “Cordel Encantado”. Em 2012, protagonizou a minissérie “O Brado Retumbante”, de Euclydes Marinho. No mesmo ano, atuou na novela “Salve Jorge”, de Glória Perez. Estreou no cinema também em 2012, com uma participação especial no longa “Gonzaga – de Pai pra Filho”, de Breno Silveira.

Em 2013, foi escalado para a novela das 18h, “Joia Rara”, de Thelma Guedes e Duca Rachid. Em 2015, interpretou Miguel, protagonista da novela “Sete Vidas”, de Lícia Manzo. Em seguida, deu vida ao delegado Espinosa na série “Romance Policial – Espinosa”, adaptação do livro “Uma janela em Copacabana”, de Luiz Alfredo Garcia Roza, que foi ao ar no canal GNT,  com direção geral de José Henrique Fonseca. No mesmo ano, ator participou dos longas-metragens “Vidas Partidas” (Marcos Schechtman),  “De Onde te Vejo” (Luiz Villaça) e “O Outro Lado do Vento” (Walter Lima Jr).

O último trabalho do ator para a tevê foi como o Santo de “Velho Chico”, novela de Benedito Ruy Barbosa, com direção de Luiz Fernando Carvalho.

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