Desvio ocular 0 6084

O estrabismo corresponde à falta de coordenação muscular entre os olhos, que faz com que eles sejam incapazes de focalizar um mesmo ponto. Quanto mais cedo for detectado, maiores as chances de melhora

Basta parar um segundo para observar um objeto, para que seus olhos automaticamente fiquem alinhados em direção do mesmo, dando ao seu cérebro a capacidade de detectar sua distância, tamanho e características. A visão humana se desenvolve nos primeiros anos de vida, diante dos estímulos recebidos. No entanto, alguns distúrbios podem surgir ainda na infância, e se não forem tratados, podem causar sérios prejuízos à vida adulta. É o caso do estrabismo, que consiste na perda do paralelismo entre os olhos. “Nos primeiros seis meses de vida, é comum o bebê apresentar desvios oculares esporádicos, pois a sua coordenação ainda não está totalmente desenvolvida. Após essa fase, todo e qualquer desvio é considerado anormal e deve ser avaliado por um especialista. No entanto, antes dos seis meses, se o desvio for constante ou permanente, também deve ser avaliado pelo médico”, explica o oftalmologista Mauro Goldchmit.

As razões do estrabismo congênito ainda são desconhecidas, mas uma história familiar da doença aumenta significativamente as chances de nascerem outros membros com o mal. “Em grande parte dos casos, o estrabismo aparece no primeiro ano vida, mas algumas crianças desenvolvem estrabismo entre 2 e 4 anos, principalmente pela falta do óculos. Na idade adulta, o distúrbio pode estar associado à lesão na retina e nos músculos oculares, infecções virais, traumatismos, tumores, aneurismas, hipertensão, paralisia cerebral, desvio do eixo visual, diferença de percepção de um olho em relação ao outro, entre outros motivos”, aponta o oftalmologista Roberto Tadeu Castro.

AMBLIOPIA E DIPLOPIA

Quando o estrabismo surge ainda na infância, o desenvolvimento da visão pode ser comprometido e ocorre a popular ambliopia, também conhecida como ‘olho preguiçoso’. “Essa disfunção nada mais é do que o desuso, ou seja, se um dos olhos desvia, o cérebro tende a “esquecer” do olho acometido e reduz muito ou até perde a visão desse olho desviado, e, mais raramente, em ambos. Já se o estrabismo aparecer tardiamente, o cérebro ao invés de cancelar a imagem, duplica-a; esse processo é chamado de diplopia”, explica Castro.

Segundo Goldchmit, há diversos outros problemas oftálmicos que podem desencadear uma ambliopia, comprometendo a visão. São eles: distúrbios que impeçam a passagem de luz até o fundo do olho (por exemplo, catarata congênita, pálpebra caída, opacidades vítreas e leucoma corneano), tampando a visão; diferenças superiores a 2 graus entre os dois olhos, seja por miopia, hipermetropia ou astigmatismo, podem acarretar no desenvolvimento superior de apenas um dos olhos, pois a imagem não chega corretamente ao cerébro.

Nos modernos conceitos sobre a visão monocular, teses apontam que não há como caracterizar como deficiente aquele que possui estrabismo ou dificuldade oftálmica em apenas um dos olhos. “Há adaptação perfeita para o dia a dia e para as atividades laborais, mas há algumas profissões que os estrábicos podem enfrentar bastante dificuldade, por exigirem boa visão nos dois olhos ou noções de precisão e profundidade, como é o caso de um piloto de avião”, lembra Castro.

DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTOS

Há diversos tipos de estrabismo, sendo que em cada um deles o olho pode ficar direcionado para dentro, para fora ou ter desvios verticais. “Ele pode se manifestar de forma constante ou intermitente, e em todo e qualquer caso, os exames clínicos e testes ortópticos, que determinam quantitativamente e qualitativamente o eixo e a visão desses olhos, devem ser realizados pelo oftalmologista. Toda suspeita de estrabismo deve ser investigada, pois quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, melhores serão os resultados obtidos”, destaca Goldchmit.

Depois de confirmada a presença da doença, o especialista iniciará o tratamento adequado dependendo de cada caso. “Em alguns diagnósticos, apenas a introdução de lentes corretivas (óculos) ou o uso de oclusão (tampão) podem ser suficientes. Sempre há resultados que são esperados e outros que não alcançam os objetivos, porém há melhora significativa. Em geral, o especialista recorrerá à cirurgia quando o estrabismo persistir, mas se a cirurgia for indicada, quanto mais cedo for feita, melhor a chance de a criança desenvolver visão binocular normal. No entanto, quando se refere ao estrabismo avançado, o procedimento cirúrgico se torna apenas estético, pois a incapacidade já se instalou naquele olho”, explica Castro.

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