A questão de se é benéfico ou prejudicial praticar exercícios no dia seguinte ao consumo de álcool tem sido motivo de discussão entre atletas e entusiastas da atividade física. Alguns acreditam que a transpiração resultante do exercício pode ajudar a eliminar as toxinas do álcool, enquanto outros acreditam que o álcool e o exercício não se misturam bem.
Primeiramente, é crucial entender como o corpo metaboliza o álcool. O médico nutrólogo, Ronan Araujo exemplifica que, quando você consome uma bebida alcoólica, o álcool é absorvido no trato gastrointestinal e entra na corrente sanguínea. O fígado é responsável por metabolizar o álcool, e a taxa média de metabolismo é de cerca de uma bebida padrão por hora. No entanto, esse processo pode variar dependendo de vários fatores, como a quantidade de álcool consumida e a taxa metabólica individual.
EFEITOS E DESEMPENHO FÍSICO
A ingestão de álcool antes ou depois do exercício pode afetar o desempenho físico de várias maneiras. Confira alguns dos efeitos.
#1 Desidratação – O álcool é um diurético, o que significa que aumenta a produção de urina. A desidratação é um dos maiores inimigos do desempenho atlético. A perda de líquidos pode levar a cãibras musculares, fadiga precoce e até mesmo insolação;
#2 Prejuízo no metabolismo de carboidratos – O álcool pode afetar a forma como seu corpo metaboliza os carboidratos, resultando em uma queda nos níveis de glicogênio, que é a principal fonte de energia durante o exercício de resistência;
#3 Impacto no sistema cardiovascular – O álcool pode causar alterações na frequência cardíaca e na pressão arterial, o que pode ser prejudicial durante o exercício, especialmente para pessoas com problemas cardíacos;
#4 Coordenação e função neuromuscular – O álcool prejudica a coordenação motora e a função neuromuscular, aumentando o risco de lesões durante o exercício;
#5 Prejuízo na recuperação pós-exercício – Após o exercício, o corpo precisa se recuperar, e o álcool pode atrapalhar esse processo, prejudicando a síntese de proteínas e a restauração do glicogênio muscular.
Quando fazemos exercício físico, principalmente exercícios de resistência ou intensos, ocorre um estresse em nossos músculos que causa pequenas lesões nas fibras musculares. Isso é normal e importante para estímulo do condicionamento e hipertrofia muscular com o treino.
RESTAURAÇÃO DOS ESTOQUES
Após o exercício, o corpo inicia um processo de recuperação, no qual ocorre a síntese de proteínas e restauração dos estoques de glicogênio (principal carboidrato armazenado nos músculos). A síntese de proteínas é responsável pela reconstrução das fibras musculares danificadas. Já a restauração do glicogênio é fundamental para “reabastecer” os músculos de energias.
O álcool pode interferir nesses processos de várias formas. Confira.
#1 O fígado prioriza o metabolismo do álcool em vez da síntese de proteínas, atrasando o processo de reconstrução muscular;
#2 O álcool consome as reservas de água no corpo, prejudicando a hidratação adequada necessária para a recuperação;
#3 O álcool aumenta a produção de cortisol, hormônio do estresse que causa degradação muscular.
“Assim, o consumo de álcool após o treino atrasa a recuperação completa dos músculos, deixando-os mais vulneráveis a futuras lesões. Também reduz os ganhos de força, hipertrofia e condicionamento que poderiam ser obtidos com o exercício”, destaca Araujo.