Nany People reforça laços com a TV 0 6640

Com uma vasta carreira no teatro, aos poucos, Nany People também foi conquistando espaço na televisão. Por conta de seu jeito extrovertido e despachado, acabou caindo nas graças do entretenimento e do humor, participando de programas como “Comando da Madrugada”, “Hebe” e “A Praça é Nossa”. Respeitada e celebrada, foi com muita luta que Nany conseguiu chegar a um posto de destaque sendo uma transsexual no país que mais mata pessoas trans no mundo – segundo dados da ONG Internacional Transgender Europe. Quando ela achava que já tinha atingido todo seu potencial artístico, eis que sua porção atriz foi descoberta pelas novelas. O primeiro papel em folhetins, o divertido Marcos Paulo, de “O Sétimo Guardião”, surgiu depois de uma série de testes. Agora, para viver a observadora Madame Lu, de “Quanto Mais Vida, Melhor!”, Nany foi convidada pelo diretor Allan Fiterman. “Allan estava ao meu lado na primeira cena que fiz na Globo. Ele me ajudou tanto. Fui escalada logo no início do projeto. Nem sabia qual seria o personagem, mas topei”, conta, entre risos.

Na trama de Mauro Wilson, Lu é a mística recepcionista do motel que centraliza o núcleo cômico da história. Entre um jogo de cartas e uma fofoca, a personagem acaba contracenando com boa parte do elenco da atual trama das sete. “A função da Lu na história é entregar leveza ao destino dos personagens. De tão ‘falsiane’, ela acaba acertando as coisas. Me divertia muito fazendo e todas as gravações eram uma festa. Ainda me sinto um pouco insegura fazendo televisão e a boa recepção do elenco me ajudou muito”, ressalta. Do trabalho ao lado dos protagonistas, Nany guarda um momento especial em meio às tumultuadas gravações em plena pandemia. Por não gravar de forma tão recorrente e só receber o próprio texto para estudar, a atriz não sabia em qual momento o quarteto principal trocaria de corpo. Ao chegar aos Estúdios Globo e ver a alteração de papéis entre Giovanna Antonelli, Vladimir Brichta, Mateus Solano e Valentina Herszage, a reação de Nany virou piada entre a equipe. “Cheguei para gravar com o Vladimir e estranhei que o personagem estava muito afetado. Fiquei meio perdida enquanto todo mundo no estúdio começou a rir. Sem entender, questionei: ‘O que está acontecendo que o Neném está meio molhado?’. A gargalhada foi geral”, conta, entre risos.

Inicialmente, estava previsto que Nany interpretaria a Morte, papel que acabou ficando com a estreante A Maia. A troca de intérpretes ocorreu por conta das adaptações feitas pelo autor para o novo protocolo imposto pela Covid-19. Neste contexto, o papel deixou de lado o tom mais cômico e adotou uma postura mais misteriosa e sedutora. “Fiquei sabendo que essas trocas acontecem bastante em novelas. Sou muito adaptável e logo comecei a conversar com a direção e pensar em como seria a Lu”, explica. Assim que recebeu o primeiro bloco de capítulos, Nany percebeu uma certa proximidade entre sua personagem e o excêntrico Walter Mercado, astrólogo porto-riquenho que fez sucesso ao longo dos anos 1990 e famoso no Brasil pelo bordão “Ligue djá”, falado com forte sotaque hispânico. “A Lu também tem um figurino extravagante e exagerado. Mas é uma versão mais humilde, sem dinheiro, do Walter. Assisti a um ótimo documentário sobre ele e peguei um pouco do gestual e do modo de falar”, conta.

Natural da pequena cidade mineira de Machado, Nany começou sua carreira como atriz no final dos anos 1990 na prestigiada Teatro Escola Macunaíma, em São Paulo. Na mesma época, trabalhava como “drag queen” em boates, animadora de eventos e radialista. Descoberta pelo saudoso Goulart de Andrade, teve sua primeira chance na tevê como repórter do mítico “Comando da Madrugada”, na Manchete e, posteriormente, na Bandeirantes. Em pouco tempo, começou a entrevistar famosos em produções como “Flash” e “Hebe”, até que surgiu o convite para o humorístico “A Praça é Nossa”. “Já sofri muito preconceito sim. O humor me ajudou a superar isso. Quando vi, já estava fazendo esses programas que a família toda assiste junto. Não sei se teria a mesma sorte se estivesse começando agora. Sinto que as pessoas estão ficando cada vez mais caretas”, analisa. Atualmente, Nany voltou a se comunicar com um público mais “família” ao se tornar jurada do “Caldeirola”, quadro musical do “Caldeirão”, programa que voltou a ser sucesso sob o comando de Marcos Mion. “Receber um convite para fazer um quadro fixo com o Mion foi um presentão! As gravações são incrivelmente divertidas e a repercussão nas ruas é maravilhosa”, elogia.

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