Mesmo com as facilidades propiciadas pela Internet – como o Google Earth, que permite visualizar qualquer lugar do planeta com imagens reais obtidas por satélite – os bons e velhos globos terrestres ainda fascinam os amantes da história e da geografia de nosso planeta. Passar um tempo girando e observando o globo, além de uma excelente forma de aprender, é um exercício de imaginação: o mundo inteiro – lugares, pessoas, presente e passado – ficam, literalmente, nas mãos do observador.
Foi esse fascínio que motivou o empresário Mário Fiorentino a fundar a primeira fábrica de globos terrestres do Brasil. “Desde criança, eu tinha o desejo de ter um globo na minha casa. Já cheguei a trabalhar vendendo enciclopédias e presenteava os clientes com um globo como brinde. Mas, quando tive a oportunidade de fabricá-los, abracei totalmente a causa”, conta Fiorentino.
Assim surgia, há 35 anos, a Libreria. Localizada no bairro da Mooca, a empresa é a maior da América Latina no setor, produzindo globos terrestres, lunares e celestes para o mercado interno e externo. No início, explica Fiorentino, os globos eram bem mais simples e deterioravam-se facilmente. Mas, com o passar dos anos, a fábrica desenvolveu ferramentas de produção próprias, que hoje lhe permitem fabricar esferas de diversos tamanhos, materiais e usos diferentes.
O empresário explica que, atualmente, os globos têm uma dupla função. “Além de serem uma ferramenta didática, eles também são muito utilizados como objetos de decoração em salas, quartos e escritórios”, observa Fiorentino. Um bom exemplo dessa função é o Globo Cielo produzido pela Libreria. Trata-se de uma esfera iluminada que representa a abóbada celeste e, de quebra, ilumina o ambiente de forma suave.
FÁCIL VISUALIZAÇÃO
Segundo Fiorentino, um dos mais vendidos pela empresa é o Globo Studio, com 30cm de diâmetro, que possuiu letras maiores, facilitando a leitura. Nele, os países são delimitados por cores brilhantes que se contrastam, criando a sensação de que a crosta terrestre flutua no azul do mar, em segundo plano.
O globo apresenta dados que são atualizados e avaliados periodicamente, oferecendo informações precisas sobre centros populacionais, ilhas, países, capitais, Estados e cidades. Ele também contém indicações de picos, cordilheiras, golfos, estreitos, correntes e contracorrentes de ventos e oceânicas e acidentes litorâneos.
Cobrindo o pólo norte, há um disco de plástico, que representa o fuso horário. O disco é dividido em 24 partes iguais representando as horas. Também possui o símbolo da Lua em uma metade – para indicar as horas da noite – e o Sol na outra, para indicar as do dia. Com isso, é possível saber as horas em qualquer parte do mundo.
PRODUÇÃO
Nas dependências da fábrica, acompanhamos a produção desse globo, que começa com o corte dos moldes. Já com as informações impressas, os moldes são posicionados em uma máquina aquecida a 70ºC. O equipamento pressiona os moldes formando o primeiro hemisfério do globo.
O mesmo procedimento é realizado para a formação do outro hemisfério. O trabalho de juntar as duas metades é feito manualmente pelos funcionários. Com o globo pronto, são colocadas a régua de meridiano e a base de sustentação, que pode ser de plástico, madeira ou ferro.
Para imprimir os mapas em modelos menores, feitos de plástico, a Libreria desenvolveu uma máquina com tecnologia própria. A ferramenta possui um mecanismo que transfere os contornos geográficos de uma matriz diretamente nas esferas, tanto do hemisfério norte quanto do sul.
O que vimos, no entanto, é apenas uma parte da produção dos globos, que envolve outros processos mantidos como “segredo de estado” pela fábrica.