Tricô moderno 0 7033

Tecnologia e trabalho artesanal são aliados da Montricô e Peti Mouton na fabricação de malharia para adultos, bebês e crianças

Linha escolhida, fio no ponto certo, máquina programada, é hora de tricotar. Na indústria Montricô, localizada na Vila Ré, cada ponto para confeccionar uma malha é trabalhado em seus mínimos detalhes. “Nossa primeira preocupação é com a estética da peça. Então, espulamos (um tipo de tratamento) o fio para deixá-lo com mais elasticidade e fácil de ser trabalhado. No entanto, há alguns tipos que não necessitam desse tratamento, pois possuem elastano ou lycra, o que os torna bastante maleáveis”, afirma o sócio-diretor Marcelo de Souza e Silva.

Depois de preparado, o fio vai para a máquina que, através de um sistema computadorizado, consegue produzir cada parte da peça de roupa, na cor, modelo, tamanho e tipo de linha desejados. “Graças a essa tecnologia, temos a opção da malha sair da máquina com tudo que tem direito: gola, bolsos, desenhos, mistura de cores e caseado para os botões. Nesses casos, a frente, as mangas e as costas da peça são costuradas umas nas outras e recebem apenas um acabamento na confecção. Em alguns modelos, esses detalhes são feitos um a um, manualmente, no setor corte e costura, até para baratear o custo”, explica Marcelo.

DA TECELAGEM À CONFECÇÃO

Antes de cada coleção ser produzida, todas as medidas são calculadas levando em conta que, após sair da máquina, a malha passa por um período de descanso – devido à agressão sofrida durante o tecimento – e tende a encolher alguns centímetros. Depois dessa pausa, a peça segue para o processo de vaporização. Em uma caldeira grande, a água é aquecida e transformada em vapor, que passa pelas tubulações da fábrica até chegar em uma mesa que vaporiza os tecidos e, imediatamente depois, os resfria. “Cada tipo de fio exige uma técnica diferente de vaporização. Mas, no geral, o profissional trabalha com dois pedais, um do qual sai o ar quente para ajudá-lo a esticar o pano e o outro que suga toda a caloria da peça, proporcionando a estabilidade que ela precisa ter para chegar ao mercado”, diz. Graças a esse processo, as peças em tricô não amassam e não precisam ser passadas após a lavagem.

É importante frisar que todas as malhas passam por inspeção, desde a compra do lote da matéria-prima até serem embaladas. Todos os fios são separados por cor e tipo no estoque e são sempre repostos. “As sobras de uma partida nunca podem se misturar com às de outra, pois há diferenças mínimas no tingimento; além disso, compramos sempre do mesmo lote para manter a tonalidade padrão e não manchar a peça”, revela Marcelo. E se houver alguma falha em um dos processos de produção, a malha é automaticamente descartada.

O NASCIMENTO DA PETIT MOUTON

A produção da malharia retilínea em tricô é um trabalho bastante artesanal, que requer talento e dedicação, e a Montricô, apesar de existir há duas décadas, já tem mais de 40 anos de experiência para contar. “Minha mãe veio da Itália e, por volta de 1955, começou a trabalhar com malharia. Logo, em 1963, ela e meu pai abriram uma fábrica própria, mas com a chegada dos filhos e netos, ficaria muita gente para uma empresa só, então decidimos dividir o negócio em duas partes. E, assim, nasceu a Montricô, especializada em moda feminina e masculina para adultos”, revela.

Com uma história própria já consolidada, no começo de 2009 a Montricô expandiu seus conhecimentos com a etiqueta Petit Mouton. “Quando surgiu o desejo de ampliar o ramo de atividades, o Marcelo ficou um pouco em dúvida, pois estava sobrecarregado com toda a parte burocrática e de produção da fábrica, então larguei meu consultório (odontológico) e decidi investir na criação e no desenvolvimento da linha bebê e infantil”, afirma Andréia Santos, esposa de Marcelo e responsável pela Petit Mouton.

Um tanto quanto delicadas, as roupas de bebê necessitam de cuidados especiais. “Inicialmente, investimos em um programa de consultoria empresarial e na formação de uma equipe qualificada para esse segmento da moda, pois tenho filha pequena e percebi que as roupas mais despojadas só existem a partir do número 2 e há uma carência nesse setor. As mães pedem peças modernas, alegres”, explica Andréia.

DETALHES E CUIDADOS ESPECIAIS

Ricas em detalhes, as peças infantis podem conjugar o tricô com sarja, jeans ou crepe, além de receberem estamparias, bordados e patchwork. “Nesses casos, compramos o tecido pronto e apenas montamos a peça no nosso setor de corte e costura; os acabamentos são feitos artesanalmente por profissionais terceirizados. É um trabalho extremamente delicado”, diz Andréia.

Ainda, segundo ela, há uma grande preocupação com a qualidade e a estrutura da linha Petit Mouton. “Espular o fio é um processo imprescindível, pois evita as bolinhas na roupa do bebê. Atentamos também à colocação de velcro no body para facilitar a troca de fraldas; evitamos deixar costuras que possam incomodar a criança e o formato tanto do pezinho, como do corpinho, é feito na medida certa para proporcionar conforto”, explica Marcelo.

PRODUÇÃO DE TRICÔ

Das quase nove mil peças fabricadas mensalmente na indústria, grande parte é de fio mousse (ideal para o inverno), e de 100% acrílico, popularmente conhecido como lã. “Na teoria, as máquinas podem produzir três vezes mais do que isso, mas na prática é diferente, pois a cada mudança de tamanho, modelo e/ou cor, todo o processo é parado e o sistema é reprogramado para se adaptar às alterações”, coloca o diretor.

A cada etapa da produção são feitos muitos testes e provas, até chegar ao resultado desejado. “Costumo dizer que o tricô é como um bolo, cada tecelão tem a sua fórmula particular, que dificilmente alguém copia. Nós estamos em constante aperfeiçoamento da nossa receita e o trabalho humano, bem como a tecnologia, são fundamentais para dar o tempero especial”, finaliza.

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