Parabéns, Mônica 0 5733

A personagem mais famosa de Mauricio de Sousa faz 50 anos e a filha do criador, Mônica Sousa, conta como é ter sido a inspiradora da garotinha de vestido vermelho que adora distribuir coelhadas

Mônica é uma menina de sete anos que vive no bairro do Limoeiro com seus pais Luísa e Sousa. Monicão, seu cachorro de estimação, compartilha de diversas características físicas e comportamentais com sua dona. De personalidade forte, Mônica não tem paciência para os apelidos e brincadeiras de seus amigos do bairro, em especial Cebolinha e Cascão. E não pensa duas vezes ao revidar com sua arma preferida: Sansão, seu coelhinho azul.

Apesar das provocações constantes que enfrenta, ela tem laços de amizade com a maioria das crianças do bairro, em especial com a comilona Magali. Normalmente geniosa, Mônica passa a demonstrar um comportamento mais dócil e feminino quando se transforma em uma adolescente em Turma da Mônica Jovem, porém em muitos momentos deixa que aflore o seu lado temperamental.

A evolução da personagem desde que foi criada, em 1963

A personagem, criada por Mauricio de Sousa em homenagem à filha, Mônica Sousa, hoje com 52 anos, virou referência para as crianças que já são adultas e transmitem a filhos e netos a simpatia que tinham pela menina do vestido vermelho. Na entrevista abaixo, a diretora comercial da Mauricio de Sousa Produções fala, com muito carinho e apego, da personagem das histórias em quadrinhos lançada numa tira do jornal Folha de S.Paulo em 3 de março de 1963.
Para celebrar a data, Mônica preparou um ano repleto de comemorações, afinal não é todos os dias que se faz 50 anos com corpinho de sete, né?!

De onde veio a ideia do seu pai para criar um personagem inspirado em você?

Até então, nas histórias do meu pai só existiam os meninos, Cascão, Cebolinha, Franjinha, Horácio, Piteco e Titi, mas as pessoas começaram a cobrá-lo de criar personagens femininos. Então, ele começou a nos observar. Com diferença de um ano de uma para outra, Mariangela era a mais velha, eu a do meio e a Magali era a mais nova, mas éramos completamente diferentes. A Magali realmente comia demais e era magra. A Mariangela, mesmo sendo a mais velha, era muito chorona, como a Maria Cebolinha. E eu era brava, de personalidade forte e muito amiga de todos, assim como a personagem.

Até que ponto você realmente se parece com a Mônica?

Eu era muito pequena quando a Mônica surgiu, tinha dois ou três anos, então há várias coisas que eu não lembro. Mas cheguei a questionar minha mãe sobre o fato de bater nos meninos. Segundo ela, eu realmente tinha um coelho, mas ele era amarelo. Na época, a gente morava numa vila e eu saía para brincar com outras crianças. No primeiro problema que surgia, minha irmã mais velha voltava para casa chorando, enquanto eu resolvia tudo ali mesmo. Com ou sem coelho, não levava desaforo para casa em hipótese nenhuma. Não era agressiva à toa, como a Mônica também não é, ela só revida à base da coelhada as provocações do Cebolinha.

Mônica com o Sansão verdadeiro, que era amarelo

E nos aspectos físicos, quais as semelhanças entre você e a personagem?

Também sou baixinha, tenho tendência a engordar e amo a cor vermelha. Minha mãe adorava me vestir assim. Já o cabelo foi uma arte da Mariangela. Ela brincou de salão de beleza e cortou o meu cabelo e o da nossa cachorra e ficou daquele jeito, todo falhado. Minha mãe até tentou arrumar, mas ficou bem curtinho, estilo Joãozinho, todo picotado.

Durante a infância, como você lidava com o fato de ter uma personagem inspirada em você?

Enquanto não entrei na escola, não sabia a dimensão que tinha a Mônica e a popularidade do meu pai. Mas aos 9, 10 anos, a ideia começou a me incomodar, pois as crianças tiravam sarro, assim como eu tirava delas. Quando cresci um pouco, meu pai fez um trabalho psicológico comigo e com minhas irmãs, explicando que ele criou os personagens inspirados na gente, mas cada um ia para o seu lado. Eu, por exemplo, ia crescer, ficar mocinha e a Mônica ia ser uma eterna criança. Ele não queria que eu fosse metida e pensasse “Ah, sou muito importante, posso tudo, pois sou a Mônica”. Antes disso, cheguei até a brigar com uma menina, bem maior do que eu, achando que eu era forte como a personagem, mas tomei uma surra (risos).

Como é para você representar uma personagem tão querida como a Mônica?

Hoje, não me vejo mais como a Mônica do gibi. Consigo separar bem nossas histórias. E o engraçado é que as outras pessoas, inclusive o meu pai, não conseguem me distanciar da personagem. Até hoje, minhas irmãs me tratam como a Mônica personagem. Mas eu adoro ter sido a criança que inspirou uma personagem tão querida até hoje.

Por que você acha que a Mônica fez e faz tanto sucesso entre crianças, jovens e adultos?

Acho que o grande apelo da Mônica é em função dos anos 60. Quando ela nasceu, a mulher estava com destaque diferente, tinha uma postura diferente, estava procurando seu espaço na sociedade, saindo para trabalhar. Foi também o começo da pílula anticoncepcional, ou seja, a mulher estava mandando mais no seu destino, vontades e interesses. Ao longo de todo esse tempo, ela ficou mais delicada, amadureceu, não briga tanto pelas coisas, mas a essência dela é a mesma, forte e muito determinada.

O primeiro gibi da Mônica, de 1970

Qual o futuro da personagem? A Mônica vai finalmente se tornar uma adulta?

Isso é só com senhor Mauricio, ele que sabe do futuro. Ele até comenta sobre torná-la adulta, mas ainda não tem nada certo. Eu, sinceramente, espero que não, pois perde um pouco da essência. Gostaria que ela ficasse uma eterna criança.

O que podemos esperar para as comemorações de 50 anos da Mônica?

Será um ano inteiro de comemorações. Fizemos os selos de 50 anos nos produtos e nas revistinhas, teremos atividades nas redes sociais, reedições de brinquedos. Também haverá um bolo, de 50 metros de comprimento, para comemorar a data, além de exposições, o espetáculo Mônica e Cebolinha no Mundo de Romeu e Julieta, e por aí vai!

Mônica torce para a personagem ser uma eterna criança de sete anos

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