Condomínios: consumo inteligente 0 6598

A conta de água é a campeã em discussão na hora da reunião de condomínio, mas com algumas mudanças de atitude é possível economizar

Todos os dias nos condomínios, chuveiros, torneiras e descargas são abertos centenas de vezes, dezenas de peças de roupas são lavadas, sem falar nas flores e plantas regadas. Dá para imaginar quantos litros de água foram utilizados e desperdiçados só nesses exemplos? Não há como precisar em números, mas o fato é que a conta de água é um dos assuntos mais discutidos nas assembleias de condomínios. Taxado como vilão, esse consumo corresponde, em média, de 10 a 15% dos gastos gerais dos prédios todos os meses.

Para José Roberto Iampolsky, diretor da Paris Condomínios, o maior problema é a falta de conscientização dos moradores, uma vez que a própria Sabesp orienta os administradores a otimizarem os gastos de água nas áreas comuns dos prédios. “Nos condomínios com hidrômetros coletivos, o consumo desenfreado acontece, pois as pessoas não sabem ao certo quanto gastam. Em geral, o valor já está incluso na taxa condominial, ou seja, consumir pouco ou muito não dói diretamente no bolso.

Mas se não houver valor em caixa, o condomínio precisa fazer um rateio entre os moradores para pagar o valor excedente. Quando dói no bolso, as pessoas começam a tomar consciência”, comenta.

Tanto nas áreas comuns como nos apartamentos, a dica é a adoção de uma série de medidas simples, funcionais e de baixo investimento para fazer com que o valor da conta de água pese menos no final do mês. Segundo José Roberto, as mangueiras devem ser substituídas por máquinas de alta pressão, que limpam com mais rapidez e eficiência. “Se o condomínio tiver piscina, é interessante investir em elementos filtrantes e recursos para evitar a troca de água”.

Trocar todos os vasos sanitários pelos modelos mais novos, com descarga acoplada, e fazer a regulagem das válvulas a cada ano também ajuda. Outra solução fácil é estipular que os apartamentos adotem torneiras e chuveiros com dissipadores de água, recursos baratos e econômicos. “Seria interessante que houvesse uma leitura da água diariamente, para ter uma média de gastos. Se os valores se alterarem em dias consecutivos, é bem provável que haja algum vazamento”, pontua José Roberto.

A piscina dos condomínios deve ser tratada com filtros para evitar a troca de água frequente

Para conquistar uma consciência coletiva do consumo de água, vale procurar orientação da Sabesp e passar circulares e avisos internos, pelo menos três vezes ao ano dentro dos condomínios. “Só com mudanças simples no cotidiano dos moradores e funcionários é possível reduzir em média até 25% dos gastos de água”, diz José Roberto. Ainda segundo ele, como alternativa, há projetos de captação da água das chuvas. “Uma tendência que tem crescido muito é a contratação de empresas especializadas em implantar o selo verde nos condomínios. Elas trabalham para viabilizar atitudes sustentáveis e econômicas, que valorizam os imóveis”, completa.

Os condomínios mais novos, segundo uma lei vigente, devem adotar o uso de hidrômetros individuais. “Esse recurso chega a reduzir até 30% do valor da conta de água. Além do mais, os condôminos se sentem mais respeitados, pois pagam uma conta justa, de acordo com os seus gastos e não os do vizinho”, diz José Roberto. “Dependendo da estrutura e da distribuição hidráulica do prédio, é possível implementar esse recurso após a construção. O custo é alto e nem sempre essa é uma alternativa viável. A decisão deve ser de um engenheiro especializado, com base em uma vistoria local”.

Segundo o engenheiro Ricardo Reis Chahin, da Sabesp, caso os moradores decidam, em assembleia, individualizar os hidrômetros, a companhia deve ser informada imediatamente para estudar a viabilidade da mudança. “Todo e qualquer tipo de mudanças para evitar o desperdício ou mau uso da água, tais como utilização de água de chuva, deve ser avaliado com bastante cautela, dado os riscos de contaminação envolvidos. Fazer gestão do consumo e reduzir o desperdício é sempre mais seguro”, alerta.

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