A segurança é um assunto de vital importância para os condomínios. A escolha, a instalação e, principalmente, o uso de equipamentos eletrônicos representam parte considerável do planejamento de proteção. Mas o que é útil para cada tipo de condomínio? Que comportamentos devem ser adotados, como padrão de segurança, pelos moradores, síndicos e porteiros?
No que diz respeito à tecnologia, “sistemas de controle de acesso, cerca perimetral, sistema de Circuito Fechado de Televisão, monitoramento de imagens da guarita e demais áreas do condomínio e controle de abertura da guarita são alguns dos recursos imprescindíveis. Outra opção é o sistema IP, que monitora e acompanha os funcionários da segurança em tempo real, com áudio instrutivo e identificação via tablet e plataformas móveis”, conta Paulo Gomes, da Alpha Secure.
Com a instalação de uma câmera no interior da guarita e um sistema de banda larga, é possível efetuar o monitoramento do interior da guarita a distância. Isso é um backup na segurança, uma vez que em 100% dos arrastões a guarita é dominada. “O sistema de proteção perimetral, por exemplo, une a hostilidade da cerca elétrica com o poder de detecção dos sensores de infravermelho. Já o sistema de controle de acesso é capaz de reconhecer o usuário, através de fotos previamente cadastradas no sistema e identificação biométrica”, explica o engenheiro civil Chen Gilad, diretor executivo da Haganá Segurança.
Outro ponto importante é quanto à contratação e ao treinamento de funcionários. O critério de seleção deve ser determinado em uma assembleia de moradores. “Optamos por ter funcionários próprios, pois o serviço de terceirização deixa o condomínio muito mais vulnerável, com a constante troca de pessoal. As informações sobre a rotina do condomínio ficam disponíveis para muitas pessoas”, comenta Aldo dos Santos, síndico de um condomínio no Jardim Anália Franco.
Já quando se fala em treinamento, Raimundo Pereira, síndico de um condomínio no Tatuapé, é enfático: “de nada adianta colocar mais de 30 câmeras de vídeo na guarita e não ter gente capacitada para entender como o sistema funciona. Os porteiros, em especial, devem passar por um treinamento específico anualmente, que determina como eles devem agir no dia a dia, com a entrada e saída de veículos, moradores e visitantes; no recebimento de encomendas pelo porta-volumes e em caso de invasão”.
Aldo destaca que os porteiros devem ter autoridade máxima dentro da portaria, e não podem se inibir com os moradores que se negam a respeitar as normas internas do condomínio. “80% das invasões são feitas pela porta da frente, os outros 20% acontecem pelas áreas descobertas e locais expostos, principalmente quando há divisa com terreno baldio”, pontua João Bamonde, gerente da divisão da administração de pessoal da Lello.
Os procedimentos de segurança devem estar escritos em uma via impressa, para consulta do vigilante ou porteiro, e trarão melhores resultados se forem feitos sob medida, adequados às reais necessidades, após um estudo no condomínio. Entre os principais pontos, Gilad cita o controle de acesso com cadastro (dados e foto) dos moradores e, no caso da chegada de visitantes não cadastrados no sistema, é preciso receber autorização do morador via interfone.
Gomes também alerta para a importância da colaboração dos moradores na segurança do condomínio. “Além de compreender que os investimentos em segurança e na prevenção são necessários, os condôminos devem cumprir todos os procedimentos acordados nas assembleias. Participação dos empregados domésticos por meio de palestras é essencial, pois no dia a dia, são eles que efetuam a liberação de acesso”, destaca ele.
Para Bamonde, a conscientização dos moradores é, sem dúvidas, um dos aspectos mais relevantes de uma segurança funcional. “Por exemplo, se for estabelecido que as entregas devem ser retiradas na portaria, os moradores precisam abrir mão do conforto de receber a encomenda em casa. Outra situação comum é os carros que entram na garagem estar com os vidros abaixados. Por mais que cause alguns incômodos, são normas como essas que preservam o condomínio” .
Outra recomendação importante é que o morador não distraia o porteiro, fique conversando em horário de expediente, pois isso pode prejudicar o funcionamento do sistema de segurança. “O ideal é que a portaria ou guarita seja blindada, permaneça com a porta fechada, monitorada a distância por meio de câmeras e sensores de abertura das portas. É importante também ter o botão de pânico com monitoramento de uma empresa de segurança, para uma eventual emergência, através de senha e contra senha”, pontua Gomes.
Para o gerente de marketing Felipe Virolli, ter bom senso é a melhor colaboração que o morador pode dar. “É preciso respeitar o trabalho dos porteiros e outros funcionários, para que eles nos respeitem. Por exemplo, se algum funcionário novo não conhece o morador que está entrando a pé ou com o carro sem crachá, acho normal o mesmo se identificar na portaria para obter a liberação da entrada. Por outro lado, às vezes falta bom senso, pois o morador chega sem o crachá do veículo, o porteiro o conhece, e demora para liberar sua entrada no prédio, o colocando em risco do lado de fora”, diz.
Apesar de se sentir seguro onde mora, Virolli acredita que quanto menos pessoas souberem informações sobre a vida dos condôminos, melhor será. “Quanto ao meu apartamento, por exemplo, mantenho sempre a porta trancada. Assim, evito encontrar com um estranho dentro da minha casa. Ou quando um visitante precisa entrar com o carro na garagem, passo os dados do veículo para a portaria liberar o acesso”, diz o morador.
PALAVRA DE SÍNDICO
O síndico tem o dever de sempre informar a todos as medidas de segurança e escolher bem os funcionários ou empresa prestadora de serviços. “Outra responsabilidade do cargo é verificar a implementação das adequações físicas; dos equipamentos e sistemas eletrônicos, e das adequações humanas, ou seja, as condições de trabalho e correta composição da equipe de segurança”, pontua Gilad.
No condomínio onde Aldo é síndico, a garagem possui sistema com dois portões, conhecidos como gaiola ou clausura, ou seja, o morador só entra na garagem depois que o primeiro portão fechar. Se algum carro tiver saindo e outro entrando, quem deve abrir o portão é quem está fora do prédio. “Outro detalhe relevante é uma espécie de comunicação por códigos gestuais, entre os porteiros e a empresa que monitora as câmeras de segurança”, comenta.
Com sistema de monitoramento que permite acesso online, Raimundo consegue acompanhar o movimento das câmeras onde quer que esteja. “Após as 22h, apagamos as luzes das áreas comuns e intensificamos o serviço de ronda, inclusive nas garagens. Qualquer movimento estranho, o vigia noturno avisa a empresa terceirizada, que aciona a polícia”, conta. E afirma: “os moradores e funcionários que não cumprem as regras, recebem advertências, sob o risco de outras penalidades”.