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Ciclorrota da Mooca tem 8 km e é um espaço de compartilhamento entre carros e bicicletas

Desde dezembro, os ciclistas que circulam pelas ruas da Mooca se deparam com algumas vias sinalizadas com desenhos de bicicleta no chão, além de placas indicando que aquelas vias fazem parte de uma ciclorrota. O projeto faz parte de uma política que ainda engatinha na cidade de São Paulo, de tentar tornar a metrópole de 11 milhões de habitantes um lugar no qual as bicicletas também possam ser usadas como meio de transporte.

Os 8 km da ciclorrota ligam o Centro Educacional da Mooca ao Sesc Belenzinho, mas o principal objetivo não é ser um trajeto que ligue um ponto ao outro, e sim identificar um espaço de compartilhamento entre os diversos veículos que circulam na rua. “As ciclorrotas legitimam algo que já está no Código Brasileiro de Trânsito, que é a possibilidade de compartilhamento da via entre carros e bicicletas”, explica Thiago Benicchio, diretor geral do Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo).

Se uma via não possui espaços exclusivos para bicicletas, que são as ciclovias ou ciclofaixas, as “magrelas” podem ocupar o mesmo espaço que os outros veículos. E tem mais: o código de trânsito coloca uma hierarquia de veículos, pela qual os maiores devem prezar pela segurança dos menores e ainda respeitar a distância mínima de 1,5m ao ultrapassar as bicicletas.

E em uma cidade de proporções tão grandes quanto São Paulo, o compartilhamento do espaço não tem sido uma tarefa fácil. Para quem usa a bicicleta no dia a dia, um dos principais problemas ainda é a falta de respeito dos motoristas de carros, ônibus e caminhões. “O ciclista já sabe que o carro está na rua, mas a população desconhece que a bicicleta também pode ficar na rua”, diz Thiago. E a ciclorrota mostra que sim, as bicicletas são bem-vindas e é preciso aprender a conviver com elas. “A sinalização oficializa a bike na rua e funciona como um impulso para o pessoal que tem medo de sair com a bicicleta por achar que vai ser mal recebido pelos motoristas. A ciclorrota cria uma situação onde o motorista não tem mais a desculpa de que as bicicletas não deviam estar lá”, diz Willian Cruz, ativista do Vá de Bike.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as ciclorrotas são implantadas em ruas que permitem velocidade em até 40 km/h, e há algumas em ruas com velocidade máxima de 30 km/h. A escolha do percurso foi baseada no projeto desenvolvido pelo CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e proposto pela Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação e pelos polos de interesse ciclísticos e de lazer existentes nas regiões onde foram implantados.

Ao lado da linha do metrô, a ciclovia da Radial Leste é muito usada para passeio

Bike em São Paulo

Para muitas pessoas, escolher a bicicleta como meio de transporte em São Paulo é quase um suicídio, já que a cidade de grandes dimensões ainda privilegia os carros. Mas os ativistas pelo uso da bike acham que é preciso fazer um esforço para que essa cultura seja mudada. “A maioria das pessoas não vai usar a bicicleta para percorrer 30 ou 40 km por dia. Mas elas precisam ter o direito de fazer isso se quiserem. O uso mais comum é em alguns deslocamentos do dia”, diz Thiago.

Sem dúvida, falta muito para que o uso das bicicletas em São Paulo seja mais intenso. Os problemas vão desde o compartilhamento da via até o estacionamento. Willian, que usa a bicicleta diariamente, conta que chegou a entrar em cinco estacionamentos diferentes até encontrar um que aceitasse a bike. “E só consegui porque o manobrista também ia de bicicleta e me deixou colocar a minha junto a dele. Olha que me dispus a pagar o mesmo valor que um carro para guardar a bike”.

Segurança

Se você se animou a pedalar, nem que seja para conhecer a ciclorrota, é bom ficar ciente de qual a forma mais segura de circular pelas ruas. Segundo os especialistas em bicicletas, o ciclista não deve andar no meio-fio, mas ocupar a faixa de rolamento de uma forma que se sinta seguro. Não trafegar pelo meio-fio é uma forma de ser visto e de ter para onde escapar no caso de algum acidente. “É importante que o ciclista ocupe a faixa de forma a se fazer visível”, diz Thiago. “A iluminação da bicicleta é muito importante porque o motorista precisa ver o ciclista de longe. Também é bom sinalizar o que se vai fazer (mudar de faixa, entrar em alguma rua etc.) com a mão. A comunicação com o motorista é fundamental para evitar acidentes”, completa Willian.

Ciclorrota X Ciclovia X Ciclofaixa

Ciclovia: É um espaço segregado para fluxo de bicicletas. Isso significa que há uma separação física isolando os ciclistas dos demais veículos. A ciclovia é indicada para avenidas e vias expressas, pois protege o ciclista do tráfego rápido e intenso.
Ciclofaixa: É quando há apenas uma faixa pintada no chão, sem separação física de qualquer tipo. Pode haver “olhos de gato” ou no máximo os tachões do tipo “tartaruga”. Indicada para vias onde o trânsito motorizado é menos veloz.
Ciclorrota: É um caminho, sinalizado ou não, que represente a rota recomendada para o ciclista chegar onde deseja. Representa um trajeto, não uma faixa da via ou um trecho segregado.

As ruas pelas quais passa a Ciclorrota da Mooca

Rua Jaibaras, Av. Cassandoca, Rua Itaqueri , Rua da Mooca, Rua Leme da Silva, Rua Cuiabá, Rua Barretos, Rua Pereira Jacome, Rua Dr. João Inácio Teixeira, Rua Sapucaia, Rua Dr. João Batista de Lacerda, Rua Serra de Jaire, Rua Tobias Barreto, Rua Pe. Adelino.

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