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Esconder e encontrar objetos é o que fazem os praticantes do Geocaching, um passatempo praticado ao ar livre no mundo todo

Qual é o aventureiro de plantão que não adoraria fazer uma caça-ao-tesouro pelo mundo? Com uma proposta simples e divertida, o Geocaching é um jogo no qual o jogador esconde uma caixa, o “geocache” ou simplesmente “cache”, em algum lugar do mundo e registra as coordenadas desse objeto no site, para que os outros procurem esse tesouro com a ajuda de seus aparelhos GPS.

Para esconder um geocache existem algumas regras, como: um deve estar a pelo menos 160m de outro e o jogador não pode perturbar o meio ambiente quando esconder seu cache, nem enterrá-lo. Seguindo essas recomendações, basta usar a imaginação e escondê-lo dentro da água, no topo de árvores etc. “Cada jogador escolhe seu próprio objetivo. O maior tesouro dos geocaches é a jornada para encontrá-los, que consiste em visitar um lugar diferente, ter uma experiência inusitada, praticar uma atividade física de uma forma mais prazerosa e também fazer um passeio agradável em família”, explica o estudante Renato Medeiros Tranchesi, 20, que pratica Geogaching há três anos.

Segundo Renato, outra parte prazerosa do jogo é a pré-busca, ou seja, como planejar uma viagem. Para a primeira jornada, ele recomenda que o jogador escolha um geocache próximo a sua residência e tente achá-lo. “Existe muito material de apoio para tornar a vida dos iniciantes mais fácil. No portal brasileiro de Geocaching, por exemplo, existem vídeos sobre tudo que você tem que fazer para encontrar seu primeiro geocache”, diz.

É fundamental que os conteúdos das geocaches sejam adequados a todas as idades, sendo vetados: comidas, explosivos, objetos cortantes, drogas ou álcool. “O que tem dentro da caixinha é apenas um souvenir da visita, como moedas de outros países ou brinquedos, a ideia não é colocar algo que seja muito caro”, destaca Renato. E completa: “assim que encontrar o cache, o jogador deve assinar o livro de visitas e deixar o objeto no mesmo lugar que encontrou. Se retirar algo de uma geocache é necessário colocar algo no lugar de valor igual ou maior”.

O Geocaching é separado por três tipos, com características e níveis de dificuldades diferentes. No entanto, não há como afirmar quanto tempo leva para encontrar um cache. Existem casos que o jogador chega às coordenadas indicadas e encontra o tesouro em um minuto e outros que ele tem que voltar vários dias no mesmo lugar para procurar.

– Cache tradicional – é o mais básico, o participante esconde uma caixa em uma coordenada que é colocada no site;

– Multicache – é quando o jogador coloca uma cadeia de geocaches. Por exemplo, ele posta no site uma coordenada para um geocache, e quando as pessoas encontram esse geocache, dentro dele tem uma coordenada para outro;

– Enigmas – é qualquer cache que não se enquadre em outras categorias. O mais comum são os caches que para descobrir as coordenadas você tem que desvendar um enigma, como um sudoku ou algo do tipo;

Atualmente, há cerca de mil jogadores no Brasil. “A comunidade geocacher é bastante unida, nós marcamos reuniões ‘Cache de Evento’ para discutir mais sobre o jogo, dar novas ideias, etc. Nós nos engajamos também em atividades em prol do meio ambiente no projeto Cache in Trash Out, que coleta lixo de parques, entre outras atividades”, coloca Renato.

AVENTURAS DOS JOGADORES

Renato Medeiros Tranchesi, estudante – 20 anos

Começo: “Descobri geocaching em 2008, graças a um amigo que me convidou para visitar o Parque do Ibirapuera para caçar geocaching. Achei o jogo muito interessante”.

Prática: “Tento praticar uma vez por mês pelo menos. Não sei ao certo quantas buscas eu já realizei, mas já encontrei 20 “tesouros” de todos os tipos tradicionais, multicaches, enigmas. Quando possível, chamo amigos, familiares, mas a minha principal companheira é minha namorada”.

Por que praticar: “Primeiro, o jogo permite inovação e criatividade. As crianças adoram, pois é um grande incentivo para sair de casa, se exercitar e fazer algo diferente. Outro detalhe interessante são os lugares maravilhosos e mais improváveis que já conheci dentro da minha própria cidade, como uma praça mirante em São Paulo”.

Próxima busca: “Não costumo planejar, mas desejo assim que possível visitar geocaches de outros países”;

Cache in Trash Out: “Levo sempre uma sacola plástica para pegar o lixo dos lugares que eu prático geocaching. Impressionante o que já encontrei nos parques aqui em São Paulo”.

Carla Moura, artista plástica – 50 anos

Começo: “Meu marido descobriu o Geocaching em 2009. A princípio ele só nos cadastrou, mas assim que soubemos como funcionava o jogo, começamos a praticar. Nossa primeira busca foi um cache em São Paulo, na região do Brooklin”.

Prática: “É fundamental ter um GPS, acesso à internet, respeitar as regras do jogo, ter espírito aventureiro e respeito ao meio ambiente. Também é importante ler tudo sobre o cache e quando chegar ao lugar indicado, observar bem a região e abrir seus horizontes”.

Buscas: “Já realizamos mais de 400 buscas e encontramos 337 caches, em São Paulo (capital e interior) Curitiba, Brasília, Goiás, Argentina, Uruguai, EUA e Canadá. Se pudéssemos, praticaríamos todos os dias, mas geralmente fazemos as buscas nos finais de semana e, durante as viagens, é diariamente”.

Carla Moura em Buenos Aires, um dos lugares onde praticou Geocaching

Tesouro: “Já achamos de tudo, bonecas, carrinhos, moedas, dinheiro antigo de outros países, bola de gude, conchas, gaita, chaveiros, bichinhos de pelúcia, pedras etc.”

Por que praticar: “É uma atividade que pode ser realizada em família, ao ar livre, com possibilidades de viagens extraordinárias, para lugares que jamais conheceríamos. De quebra, praticamos atividades físicas como caminhar, nadar e andar de bicicleta”.

Geocachers: “Acompanhamos os geocachers estrangeiros que vem a São Paulo procurar caches. O Carlos acompanhou um cacher na busca ao cache mais famoso e procurado do mundo: O “Project APE: Mission Southern Bowl”, criado pela Universal Studios, localizado em um parque estadual no sul do estado de São Paulo, no meio da Mata Atlântica”.

Cache in Trash Out: “Nas buscas e nos encontros, praticamos a retirada de lixo. É muito interessante os olhares sobre nós quando estamos caminhando em um parque e retirando o lixo que não é nosso”.

Quando surgiu o Geocaching?

O jogo foi inventado no ano de 2000, quando o governo americano removeu a restrição ao sinal de GPS a não-militares. Um consultor de informática americano, Dave Ulmer, queria testar se o sinal de GPS era eficiente, então escondeu um balde no meio da floresta, colocou um livro de visitas, uma caneta e alguns brindes dentro. Depois disso, ele postou as coordenadas desse balde na internet e pediu para que quem pegasse alguma coisa de dentro do balde deixasse alguma coisa no lugar. Daí em diante, o Geocaching virou um esporte ao ar livre; as regras que ele inventou até hoje são utilizadas.

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