Kartista ´de ouro` 0 6601

O piloto de kart Gregory Diegues foi o primeiro atleta mirim a ganhar um troféu no prêmio Capacete de Ouro e pode ficar lado a lado com Felipe Massa e Rubinho Barrichelo

Ele esbanja talento e um sorriso inocente de felicidade. Aos nove anos, o pequeno Gregory Diegues já tem boas histórias para contar sobre sua vida. Morador da Vila Carrão, começou a carreira de piloto de kart há dois anos, inspirado no saudoso ídolo Ayrton Senna. “Como a maioria das crianças, Gregory conheceu a história de Senna através da mídia e passou a admirá-lo como sua referência nas pistas”, conta o pai Mauricio Diegues.

A iniciativa de ser kartista não partiu dos pais, como em geral acontece, mas da vontade do próprio garoto. Foi brincando nas pistas de um kartódromo que Gregory descobriu a vontade de levar o esporte a sério: “gosto de competir, faço por prazer; quero ser um campeão que nem o Ayrton”, conta.

Em tão pouco tempo, os resultados já são gratificantes. “Em 2008, ele faturou o título de vice-campeão paulista. Mas foi em 2009, segundo ano na categoria mirim, que ele ganhou seus maiores prêmios: o Campeonato Brasileiro e a Copa São Paulo (Granja Viana)”, orgulha-se o pai. Foi também o primeiro kartista mirim a ser indicado para o prêmio Capacete de Ouro, no qual faturou o troféu de bronze. “Fiquei muito feliz. Estava ao lado do Rubinho Barrichelo e do Felipe Massa, e a entrega do prêmio foi feita pelo Tony Kanaan”, relembra Gregory.

APOIO DA FAMÍLIA

Mas engana-se quem pensa que, pela pouca idade, o piloto mirim tem folga. Os treinos oficiais acontecem duas vezes por semana, na parte da manhã, e as provas ocorrem aos sábados. “Principalmente durante as competições, a nossa rotina fica bem intensa. Eu e minha esposa precisamos nos desdobrar para acompanhá-lo. A família inteira tem que levar a sério e se envolver. Acordamos por volta de 5h30, enfrentamos o trânsito para chegar ao kartódromo e, na volta, há mais uma maratona: levá-lo para a escola, trabalhar e ainda dar atenção à nossa outra filha; sem falar nas viagens e competições fora do Estado”, afirma Mauricio.

Tamanha dedicação dos pais é merecida por Gregory. “Faço todos os trabalho e tiro boas notas na escola. Não deixo a paixão pelo kart atrapalhar meus estudos”, diz o garoto. “Ele quase não falta na aula e concilia muito bem a carreira com a vida e a rotina de criança. Joga futebol, brinca com os amigos do prédio e é um ótimo filho, então nos motivamos a colaborar com o sonho dele”, completa o pai.

INCENTIVO AO ESPORTE

Num futuro nem tão distante, o kartista mirim sonha em ser oficialmente um piloto. “Da categoria de base, que é onde nós estamos hoje, até a categoria profissional tem muito chão para percorrer. Se tudo der certo, daqui há uns sete ou oito anos ele já deve estar brilhando nas pistas da Europa. Mas, para que nosso cronograma seja seguido à risca precisamos de mais patrocínio, pois é muito difícil, para não dizer impossível, manter uma carreira sem apoio”, afirma Mauricio.

Atualmente, Gregory recebe o incentivo das marcas Bad Boy, Hinkel e do Banco Rendimento. “Apesar de o povo brasileiro gostar muito de automobilismo, a procura pelas categorias de base desse esporte é pequena. Falta, principalmente, divulgação, que, consequentemente, atrai os investidores. Os pais precisam bancar o transporte, as inscrições e a equipe composta por preparador e mecânicos. Muitos meninos desistem por falta de condições financeiras, pois a única premiação que eles recebem é o troféu”, destaca o pai do jovem piloto.

VILA CARRÃO NOS PÓDIOS

Neste ano, Gregory vai competir pela categoria Cadete, segundo degrau dentro da base do automobilismo. “Essa será uma etapa muito mais competitiva. Antes ele tinha 12 concorrentes, agora serão cerca de 25 e, em alguns campeonatos, até 50 meninos. Nos próximos meses, ele vai aprender a lidar com as dificuldades e a ter mais malícia. No ano que vem, Gregory colocará em prática todos os conhecimentos que adquiriu e pensará nos títulos”, pontua Mauricio.

Ainda falta uma longa caminhada para Gregory ter as mesmas conquistas que o ídolo Ayrton Senna. Porém, pela trajetória que vem trilhando tudo indica que, daqui a alguns anos, o pequeno atleta levará o nome de nosso bairro para os pódios internacionais.

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