Com El Cabong ou Babalu falando no seu sotaque bem portunhol (“Hey Pepe Legal!”), um dos desenhos mais famosos de Hanna-Barbera que embalava os ouvidos de tanta garotada nos idos dos anos 1960. E foi esse o nome que recebeu uma das mais agitadas, se não a mais agitada, escuderia da história da Mooca e de outros bairros, a Escuderia Pepe Legal, nascida em 1966, num bar de esquina da avenida Paes de Barros com a rua Leocádia Cintra, cujo nome também era Pepe Legal, e que reunia um grande grupo de jovens embalados pelo iê-iê-iê e pelas jovens tardes de domingo. Da idéia de um time de futebol entre os milhares que já existiram na Mooca, surgiu o clube, uma espécie de agremiação que passou a concorrer nas gincanas promovidas pela TV Record, canal 7, em seus tempos áureos, quando Jair Rodrigues e Elis Regina apresentavam O Fino da Bossa, e o rei Roberto dividia o palco com sua Ternurinha e o irmão Tremendão à frente do Programa Jovem Guarda.
Era um momento único na vida da juventude brasileira, que começava a ganhar voz.
Da turma de arromba, que ganhava todas as menininhas nos bailinhos e era o terror das outras escuderias, com suas brigas homéricas, ficou apenas a lembrança. Hoje, a Pepe Legal assume de vez seu lado filantrópico e passa a figurar no cenário da parte Leste da cidade como uma entidade voltada a promover o bem aonde quer que vá, seja recolhendo alimentos e agasalhos para diversas entidades da região, ou promovendo festas, bailes dos anos 60, e até desfiles de carros antigos.
Outra parte importante que a Pepe Legal realiza é o cultivo da amizade e o resgate da cidadania, através da postura de seus atuais dirigentes, dos quais se destacam Luiz Antonio Gisondi e Elza Gomes, dois dos principais responsáveis por toda essa brincadeira de bom gosto. A capacidade de “liga” do casal consegue unir as diferentes gerações, mentes e corações mooquenses. Da velha à jovem guarda, não tem para ninguém em termos de união fraterna e amiga.
A agremiação pode se orgulhar de uma coisa: seu símbolo, do cavalinho sentado no carro de corrida, simboliza a busca pelo tempo da inocência, numa época que bastava bem menos para se sentir feliz.
Na história para sempre
Nascido Raphael Luongo Cardamone, mas eternizado pelo apelido Raluca, esse foi o primeiro presidente da Pepe Legal, que gostava de dizer qual a filosofia de cada membro da Escuderia: “quando uma pessoa for procurada por um dos integrantes da Pepe Legal, deve colaborar, pois está trabalhando em favor de um Brasil melhor, mais culto, mais arejado, como prova de que a juventude sabe da alta responsabilidade que lhe pesa sobre os ombros”.
A Mooca literalmente fervia a cada gincana promovida pelas emissoras Record e Bandeirantes de Televisão.
Os bailes da Pepe Legal também marcaram época. Muitos ainda se lembram do primeiro que acabou acontecendo na agência de automóveis do falecido Professor Agostinho, bem de frente com a Rua Olímpio Portugal, e de todos os outros que vieram depois, no Juventus e no extinto Cine Moderno.
A história é longa, mas vale reproduzir as palavras de Luiz Gisondi sobre a filosofia da Pepe Legal: “muito folclore e misticismo acompanha nosso respeitado nome nesses mais de 40 anos de existência, permeado por muito sucesso e inúmeras vitórias. Mas penso que, se a Escuderia Pepe Legal tivesse origem em outro bairro, que não na nossa mui amada e venerada Mooca, certamente não seria essa ‘lenda viva’, pois o combustível que nos move é o coração, a razão, a solidariedade, a união, a liberdade, a fraternidade e a igualdade”.
É só freqüentar para conferir de perto.
Nasce um filhote
Oficializado no dia 26 de abril deste ano, o Moto Clube Pepe Legal vem somar esforços com o trabalho que a turma da Pepe Legal retomou, agora para valer.
“A idéia de montar o Pepe Legal Moto Clube nasceu em outubro de 2006, com o apoio e autorização dos queridos amigos Raluca, o poetinha da Mooca, do Babu, Brexó e Roberto Japonês. Nossa filosofia é, em primeiro lugar, a filantropia, seguida de lealdade, fraternidade e igualdade, explica Fábio Bontempo, um dos alegres sócios do Moto Clube.
Ele explica também que, para participar, além de possuir uma moto, a pessoa tem que gostar de ajudar o próximo, de viajar e de se relacionar com as pessoas. Depois de ser apresentado e se possuir todos esses requisitos, ainda vai passar por uma avaliação e, se for aprovado, aí sim passará pelo batismo e receberá o colete.
O Moto Clube participa de diversas campanhas para arrecadação de alimentos e agasalhos, entre outras, como no mês de junho, quando está prevista a campanha de doação de sangue. A sede está aberta todos os dias para receber roupas, brinquedos e alimentos não perecíveis que terão como destino as várias entidades beneficentes da região.
Visite o moto club R. do Hipódromo, 1.711 – Mooca – tel.: 2694-0536 / www.mc.escuderiapepelegal.com
Mais informações sobre a escuderia Pepe Legal www.escuderiapepelegal.com / e-mail: la.gisondi@uol.com.br