Com quantos livros se faz uma boa leitura? Bom, se levarmos em conta os índices que os jornais costumam divulgar por aí, não teríamos um número significativo: menos de dois exemplares por brasileiro, é a média. Mas há também os que digam que vale mais a qualidade do que a quantidade. Por outro lado, há de se convir que o preço de novos exemplares dá um gosto meio salgado que gira em torno dos R$ 40. Fora isso, a falta de incentivo à leitura, bibliotecas públicas sucateadas, o advento da Internet, e outros fatores acabam por fazer de nós, leitores menores. Mas há exceções. E a prova está num negócio bem sucedido de venda de livros pela Web, a Cia. dos Livros, capitaneada por Eduardo Botino, que soube bem explorar esse nicho.
Com um domínio registrado desde 2001 na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), órgão que regulamenta a Internet no Brasil, naquela época ele já percebia que seria interessante entrar com vendas on-line, pois vislumbrava ali, o mercado do futuro. “Já tinha lido muita coisa a respeito do site Submarino e do americano Amazon, e os dados que adquiria me fascinavam, pois o livro é o segundo produto mais procurado no mundo. Foi então que em 2004 resolvi investir em meu site”, conta.
O site aconteceu mesmo em 2005, mas o começo com os livros veio em 1999, quando Eduardo vendia livros técnicos nas áreas de Arquitetura e Engenharia para uma Editora, até que resolveu trabalhar por contar e continuar suas vendas em escritórios e faculdades nessas áreas. Com o tempo, ampliou esse leque para outras áreas, e passou a se especializar na formação de acervos para as bibliotecas.
O público consumidor, ele já conhecia, a afinidade com os livros era o combustível que o impulsionava a explorar esse universo.
E com essa realização pessoal, Eduardo converteu dados sofríveis em números favoráveis: está na 4ª posição, atrás apenas do Submarino, Americanas e Saraiva em popularidade (escala que é medida, segundo ele, pelas principais editoras). “Também temos praticamente o maior catálogo, com aproximadamente 700 mil títulos nacionais e importados, dos quais 150 mil são livros nacionais. Temos, atualmente, 55 mil títulos para pronta entrega, e 90% do nosso catálogo de livros nacionais são oferecidos pelo melhor preço de vendas na Internet”, completa.
Além disso, como ele mesmo atesta, as vendas estão aquecidas, a despeito da crise. O segredo? Só se vende bem aquilo que gostaríamos muito de comprar. E a pedido da Revista do Tatuapé, Eduardo finaliza com uma boa dica de vendas: “O bom negócio é aquele que é bilateral, pois se não for assim, possivelmente não haverá um próximo negócio. Transparência e Ética são ingredientes importantes para que se prospere, pois tudo que dá lucro é negócio, caso contrário, não é negócio”.
Jogo rápido
Qual a relação que você e o consumidor mantêm?
Hoje não dá para ser tão próximo, devido à quantidade de clientes que atendemos todos os meses, mas procuramos fazer o melhor possível para mantê-los sempre conosco.
E se a pessoas quiserem “folhear” um livro?
Isso ainda não é possível pela Internet, mas já existe a possibilidade de se ler o primeiro capítulo de alguns títulos. Para folhear um bom livro, recomendo uma boa e charmosa livraria, que hoje é um espaço muito completo para todos os gostos, ponto positivo para o Brasil, pois temos belíssimas livrarias em nível nacional. Pena que o preço não seja tão agradável. Por esse motivo é que a Internet cresce tanto.
Quais os títulos mais procurados?
São os relacionados à autoajuda, romances espíritas, ficções, romances policiais e, sem dúvida, o mercado que mais cresce no Brasil atualmente é o da literatura infantil e infanto-juvenil.
Você acredita que o brasileiro lê muito ou pouco?
Ainda lemos pouco perto dos padrões internacionais. As estatísticas apontam que o brasileiro lê em média 1.8 livros ao ano, mas já demos um grande salto, já que há 5 anos, não líamos nem um exemplar ao ano. O índice era de apenas 0,8 ao ano. Já o país de quem mais lê está na marca dos 13 ao ano. São os franceses. Chagaremos lá, pois existe um empenho bem grande por parte de nossos meios de comunicação em incentivar a leitura.