Revista do Tatuapé Nº 129 - page 22

maio 2017
capa
O que te inspira na hora de compor?
Vem muito da minha vivência. Sou um cara que gosta muito
de ler, ver tudo que cai na minha mão. Ouço muito rádio, passo
o tempo todo vendo televisão. Quanto mais besta o programa,
mais eu assisto. Mas o que mais uso na minha música é o que
ouço nas ruas, quando converso com as pessoas. Isso é muito
rico pra mim.
E você anota essas conversas para não esquecer?
Não gosto de anotar. Acho que tem que rolar na lembrança.
Quando acontece alguma coisa, vejo ou leio algo que puxa o
fio da meada, a memória vem. É um processo bem diferente
daquela cara que senta pra fazer uma música. Não consigo fa-
zer assim. Comigo é mais espontâneo.
Vivemos uma época de grande patrulhamento em cima dos humoristas.
Você já teve problemas com isso?
O patrulhamento não chega em mim. As pessoas já me conhecem, sa-
bem do meu jeito. Mas acho que algumas músicas que lancei na década de
90, se lançasse hoje, iam dar confusão.
Você não gosta de polêmica?
Gosto de falar o que penso. Se isso virar polêmica, tudo bem, mas não é
a intenção. Até agora, só aconteceu no começo da carreira com algumas mú-
sicas falando de igreja. Naquela época, teve cidade que o padre não deixava
tocar a música no rádio, outra que o bispo proibia o show, essas coisas.
Você se impõe algum limite na hora de compor para evitar essas polêmicas?
Acho que o artista não tem que se impor limites. Mas como sou um cara muito
crítico, depois que eu faço a letra, releio várias vezes, vou aparando e tiro aquilo
que acho desnecessário. E sempre procuro fazer algo que leve um ensinamento
para as pessoas. Sou um brega pedagógico. O estilo debochado também é uma
forma de chamar a atenção para alguns assuntos sérios. Um dia, comecei a sacar
que a pessoa presta mais atenção na música debochada do que se fosse sério. E
assim fui colocando questões políticas, por exemplo.
Falando em política, você recebe muitos convites para ser candidato?
Sim. Depois que o Tiririca foi eleito, todo mundo acha que eu tenho que me
candidatar. O que me irrita não é o cara querer que eu seja candidato, é ele
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