capa
Por
Maisa Infante
•
Fotos
Rodrigo de Paula
O
cantor e compositor Falcão está no Tatuapé
desde 2002. Nascido em 1957, no Ceará, ele
é um arquiteto que virou artista. Sim, o es-
crachado Falcão se formou em arquitetura
na Universidade Federal do Ceará, trabalhou na área algum
tempo até virar o Falcão que conhecemos hoje, com suas
roupas coloridas e estilo irreverente. A história com a mú-
sica começou dentro da faculdade. O rapaz que gostava de
desenhar e fazer cartoons tinha por hábito carregar o vio-
lão e ficar tocando no intervalo entre as aulas. “Mas sempre
no estilo esculhambado”, conta. E essa história começou
a fazer sucesso com os colegas. “O pessoal começou a dar
corda, me falavam para colocar aquelas músicas em disco e
fita. Acabei aceitando”. Aí começaram a surgir os festivais
universitários e, antes de subir ao palco de um deles, Falcão
foi aconselhado por algumas pessoas a dar uma incrementa-
da no visual. “Eu não era tão esculhambado assim. Na hora
do festival me deram a ideia da roupa, peguei umas coisas
da minha mãe e fui. Mas a grande sacada foram os óculos
escuros, porque com eles o tímido fica valente”. Se o público
adorou e aplaudiu incansavelmente, o júri não gostou nada
e desclassificou o candidato. Mas como nesses festivais o
poder da plateia era grande, ele acabou voltando para fazer
um show dentro do festival e não parou mais. E lá se vão 25
anos de carreira. Nesta entrevista, Falcão fala sobre o prazer
de fazer um espetáculo de “stand-up que não é stand-up”,
sobre política, música brega, educação e muito mais.
de Falcão
As histórias
Cantor fala sobre a carreira, a vida, política, arquitetura e o novo espetáculo, que ficará em
cartaz no teatro Eva Wilma, no Tatuapé, durante o mês de maio
Você estreou no teatro no ano passado e agora volta
com o espetáculo
Altamente mais ou menos
. Como é
essa experiência?
Eu gosto muito de fazer esse tipo de espetáculo,
que é um stand-up, ao mesmo tempo em que não é.
Porque stand-up não tem música e no meu espetácu-
lo eu também canto. Na verdade, eu comecei fazen-
do isso, contando uns causos no teatro, mas naquela
época ninguém sabia quem era o Falcão. Agora voltei
pra esse negócio e, olha, acho muito prazeroso, por-
que é uma brincadeira, às vezes até esqueço do show
e perco a hora.
Você segue algum roteiro ou trabalha no improviso?
Tem um roteiro básico, mas o que vai acontecer no
palco depende muito do público. O pessoal começa a
pedir música, eu canto e aí segue o show.
Nasuavidapessoal vocêéassimcomoagentevênopal-
co, ou esse Falcão que conhecemos é um personagem?
Esse meu jeito vem desde menino. Meu pai era mais
esculhambado do que eu, era piadista e ‘trolador’, só
que naquela época não existia essa palavra. Tenho
umas tias tão engraçadas, que você não consegue ficar
um segundo perto delas sem rir. Sou de Pereiro, uma
cidade do interior do Ceará, e lá é difícil encontrar al-
guém mal-humorado.
20
maio 2017