No limite da velocidade 0 3038

Sem medo de arriscar, Danilo Andric é o atual campeão brasileiro de motovelocidade e garante que a adrenalina fala mais alto do que o risco quando entra na pista

Adrenalina é o que corre pelas veias de Danilo Andric. Aos 26 anos, a fala calma pode até enganar os mais desavisados. Mas o rapaz não consegue viver sem as corridas de moto. E, confessa, tem muita dificuldade para aceitar as derrotas. Para ele, ao entrar na pista é ganhar ou ganhar. Talvez por isso, tenha conquistado tantas vitórias em seis anos de carreira. Campeão do Superbike Series 2011, Danilo nasceu no Hospital São Cristovão, região da Mooca. No começo da adolescência, mudou com a família para São Caetano, na região do ABC, e, no fim do ano passado, se estabeleceu no Tatuapé.

Com mais de 15 acidentes grandes no currículo, ele vive no limite. Desde que abandonou o tênis, esporte que praticou profissionalmente na Espanha, já fraturou todo o lado direito em uma única queda e teve que operar clavícula, ombro, cotovelo, joelho e tornozelo. O risco, enfim, é iminente. “No esporte a motor, você tem que se expor ao risco. Por isso eu falo para os meus pais que se algum dia, algo acontecer comigo, eu terei morrido fazendo o que eu mais gosto”. Os pais, aliás, ocupam uma posição que o próprio Danilo diz não querer ocupar quando tiver seus filhos. “Na motovelocidade, há momentos em que a gente precisa esquecer o que tem na vida, senão não ganha corrida, não bate recordes. Nessa profissão, pode-se desde apenas quebrar o dedinho até morrer. Há um certo nível de pilotagem em que você se expõe ao risco 100%. Eu não quero que meus filhos façam isso. Acho que essa situação não deve ser nada agradável”, completa.

Enquanto os filhos não chegam, ele aproveita para investir na carreira e se dedicar ao máximo a essa profissão que começou de forma até despretensiosa. Danilo trabalhava com o pai, comprou uma moto e ganhou de presente um curso de pilotagem.

Gostou tanto da experiência que resolveu investir na carreira. E o investimento foi literal, inclusive financeiro. “Quando se fala em esporte a motor se fala em dinheiro”, diz. Em 2008, ele foi vice-campeão Brasileiro Categoria Superbike 1000cc e, no ano seguinte, foi morar na Itália, participar do mundial Superstock. O pai decidiu ajudá-lo ao ver os seus bons resultados. “Quando fui para o Mundial meu pai disse que me daria essa chance e investiria porque acreditava no meu talento”. E deu certo. O hobby virou negócio. O que não significa que ficou fácil. Para ele, a busca por patrocínio e as incertezas que cercam essas transações são o pior momento da carreira. “O momento mais difícil é quando chega o fim do ano. Fico tenso e preocupado com patrocínio. O pior momento não é a largada, não é a bandeirada e nem o acidente, mas os três meses (dezembro, janeiro e fevereiro) em que não temos a confirmação do patrocinador”.

Danilo em ação nas pistas e no alto do pódio, lugares onde ele mais gosta de estar

Para compensar todo esse desgaste, Danilo se dedica 100% a vencer todas as corridas. O que não é fácil. “Eu não gosto de perder. Não sei explicar o que se passa dentro de mim. Faço de tudo para estar na minha melhor forma e com o equipamento 100%, para subir em cima da moto e ganhar”.

A concentração necessária para manter o foco, ele consegue com aulas de Yoga e, claro, com a experiência. “A concentração é tudo. Um erro na moto e você perde todo o trabalho já feito, além de correr um risco muito grande”. O que, afinal, compensa todo esse esforço e todo esse risco? A vitória, é claro. “O mais emocionante é a vitória. Mas o melhor de tudo mesmo é ser campeão”.

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